Colunista - Dr. Sílvio Lopes de Almeida Neto

O JURADO

Por Dr. Sílvio Lopes de Almeida Neto

03/07/2017

 

 

Meu nome é estranho.
Soletrando e dividido em sílabas.
E mais: segue mesmo medonho, a direção do vento.
Aniquila tudo e tanto quanto o mistral.
Pouco importava a face dos outros.
Tantos suplicaram, verteram lágrimas e oferta de rosas que jamais pude ver.
Não me reconheço mais.
Tenho e lhes apresento, então, esta morta cor.
É minha fealdade de  que não se lembram.
Hoje, arrependida e que não cabe num caixão qualquer.
Tem que ser pra muito perdão e a contento de minha mão:
a mão direita, sempre em riste, destemida e jurando sempre.
Era imparcialidade. Fingida.
Tudo se dava diante da mesa de Deus.
Um desdouro brilhante, ofertado no poente.
Desdouro pleno e plano, sem desculpas, com a irregular afirmação dos impúberes.
Toda destida não haveria de ser vingada.
Tudo se passava rápido, e tão nebuloso quanto possível.
Eu me contentava no disfarce do justo.
Nada de mais ou menos.
Cravei aquela Justiça na cara dos réus, dos filhos de Deus,
dos filhos deles.
Era o prazer do engaste firme, poderoso, tanto quanto pedraria no aço.
Aviltei a vida e a liberdade dos filhos deles, sem medidas, um exagero pelo outro. 
Meu nome é estranho.
Levo ao longo da noite a loucura de uma felícia desvirtuada, e que insiste pousada no meu espelho.
Disfarcei bem.
Era o tempo do felino que ocultei.
As coisas da minha vida se deram assim.
Eu julgava.
Meu nome é estranho.
Hoje, não tenho mais tempo.
Não existe perdão.
Não existe perdão para desídia e vou ser julgado diante da mesa de Deus.

 

Dr. Sílvio Lopes de Almeida Neto é um renomado advogado com vinte e cinco anos de atuação na área criminal. Ele adora defender seu semelhante e, além dessa bonita profissão, gosta de escrever crônicas nos momentos de lazer. Ele é casado com a rioesperense Drª Sara Miranda, reside na maravilhosa cidade de Rio Espera e é colunista em nosso portal de notícias.