Foi um tempo distante, quando eu brincava de criança, meio que perdido em duas pedras e um pé de laranja. Existia quatro tábuas cercadas sem nada por dentro, era o meu Forte Apache. Meu pai me dera dois revólveres de brinquedo, e um cavalinho de pau. Naquele tempo, eu brincava de criança. Fui Presidente dos Estados Unidos da América do Norte, e ao mesmo tempo, um sonhador. Um menino, criança armada contra todas as misérias da vida. Depois de tudo aquilo, eu gostava de café com leite, e pão com manteiga. E no domingo, abrir as janelas para aquele sol maravilhoso.

Deus, quanto eu era feliz, vendo aquele sol maravilhoso, e a minha velha bola de futebol. Sabíamos que iríamos perder para o time da rua debaixo, eles eram melhores do que nós. Jogávamos mesmo assim com galhardia, perdíamos, no melhor das hipóteses, de um a zero. Jogávamos assim mesmo, e tudo terminava às quatro horas da tarde. Era a hora do meu banho. Quando minha mãe Isaura fazia aquele maravilhoso arroz, feijão, angu e carne moída, eu me deliciava com cada garfada. Ela me obrigava a escovar os dentes, o banho, e o pijama tão gostoso.

Sentávamo-nos no sofá, naqueles bem antigos, que talvez vocês não conheçam, e a televisão preto e branco, era o máximo da nossa meninice. Hoje, minha mãe está no céu, minha mãe também, eu continuo por aqui, escrevendo versos idiotas, palavras que vão de encontro à memória de Carlos Drummond de Andrade. Sou assim mesmo, esquisito, solitário e poeta.

Dr. Sílvio Lopes de Almeida Neto é um renomado advogado com vinte e cinco anos de atuação na área criminal. Ele adora defender seu semelhante e, além dessa bonita profissão, gosta de escrever crônicas nos momentos de lazer. Ele é casado com a rioesperense Drª Sara Miranda, reside na maravilhosa cidade de Rio Espera e é colunista em nosso portal de notícias.