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Restaurantes e outros setores do comércio de Congonhas multiplicam venda no Jubileu

O Jubileu que alimenta a fé do cristão é o mesmo que garante o pão de muitos.

15/09/2017

Nestes 260 anos da origem da devoção ao Bom Jesus de Matosinhos, Congonhas se transforma neste período do ano. Atualmente com 52 mil habitantes, a cidade recebe um número de romeiros e ambulantes que chega a quatro vezes o de sua população. Toda esta movimentação aquece os negócios em hotéis, pousadas e pensões, restaurantes, lanchonetes, lojas de artesanato, farmácias, padarias, estacionamentos, supermercados, entre outros estabelecimentos. Além disso, possibilita aos moradores alugarem imóveis, parte deles ou simplesmente a frente de suas casas para ambulantes também comercializarem seus produtos. Muitos congonhenses aproveitam a ocasião para servirem café com quitanda ou mesmo marmitex aos visitantes e complementar a renda familiar. Esta oportunidade anual de faturamento de um dinheiro extra ganha maior importância nestes últimos anos em que a economia brasileira passa por forte retração.

Senhor Antônio Nascimento, da loja de artesanato Artes Mineiras, no Beco dos Canudos, diz que o Jubileu proporciona melhores vendas do que os demais períodos festivos do ano. “Em 2017 está muito melhor do que nos anos anteriores. Eu nunca vi um Jubileu tão bom quanto este para vendas aqui. Tive até de pedir um reforço de mercadorias. Os romeiros gostam muito dos produtos da loja, eles gastam até mais do que o turista que é atraído pela cultura da cidade como um todo. Temos aqui panelas, forma de pizza, artigos religiosos, enfim artesanato regional. Esta festa acaba sendo boa para a cidade inteira, bares, farmácias, supermercados e outros estabelecimentos também se beneficiam dela”, sentencia.

A AVACON (Associação dos Vendedores Ambulantes de Congonhas) está sempre participando das festas do calendário oficial da cidade, como o Jubileu. Este ano, a entidade possui nove barracas na praça de alimentação, instalada na Romaria. Romeiros e quem está trabalhando na festa tomam café, almoçam, jantam ou lancham no local. Além disso, outros nove associados comercializam bebidas em caixas de isopor pelas ruas da área do Santuário.

Vaguinho, que mantém durante o ano mantém uma barraca na Feira do Produtor Rural, está na praça de alimentação pela AVACON ao lado da família e gera diversos empregos. “Fico emocionado com a oportunidade que a Prefeitura e a AVACON nos proporcionam. São mais de 20 pessoas que estão trabalhando comigo. Todos de Congonhas. E contamos com dez cantores de voz e violão da cidade se apresentando aqui. Servimos tropeiro completo, pastel, tudo preparado com ingredientes selecionados pelas minhas filhas, meu filho e minha esposa. O Jubileu movimenta muito a economia da cidade”, diz. A presidente da AVACON, Iolanda Cintia de Rezende, e o irmão Maurílio Pinto são outros ambulantes que servem refeições na Romaria neste período.

O restaurante Casa da Ladeira está incrustado, há 20 anos, no cenário do Santuário, local de muitos eventos como a Copa Internacional de Mountain Bike, Semana Santa e o Jubileu. Especificamente nos dias desta celebração religiosa, a proprietária Rosângela Vartuli faz uma adaptação no cardápio para atender o turista religioso. “Durante todo o ano, inclusive durante outros eventos, recebemos aqui, além de congonhenses, o turista cultural. No Jubileu, quem vem é o romeiro, que, em sua maioria, é uma pessoa mais simples. Então preparamos um cardápio com o qual está acostumado e mais em conta com arroz, feijão, frango, macarrão, angu e farofa, por exemplo. No Jubileu vendemos três vezes mais que o normal. O mesmo ocorre com outros restaurantes, lanchonetes, farmácias e outros estabelecimentos, o que traz benefícios para toda a cidade”, reforça o que outros comerciantes já haviam afirmado. 

Em meio a incontáveis barracas e local de passagem de uma constante procissão de romeiros e moradores da cidade, O Restaurante Taberna Casa Nativa, na Ladeira Bom Jesus, funciona de 7h à meia noite. A proprietária Zoraide Marinho calcula que, durante o Jubileu, o movimento aumenta cerca de 90%. “Nosso público é formado por romeiros que vêm pessoalmente o os barraqueiros que mandam buscar o marmitex aqui. Tem caravanas que vêm aqui sem falta nesses 20 anos em que as portas estão abertas”, diz Zoraide. O marido dela, Marco Antônio, diz que o Jubileu ajuda muito a economia da cidade.

Ladeira lotada

Cláudia Santos, 34 e a filha Carla, 14, sobem e descem a Ladeira várias vezes ao dia vendendo café, suco, pão com manteiga e bolo. Assim completam o orçamento da família, que é garantido também pelo o que faturam na lanchonete, onde neste período fica uma outra filha. “Estamos vendendo bem, as pessoas não deixam de comer, mesmo na crise. Estamos aqui de manhã com o café, depois servimos o marmitex e voltamos com café e suco à tarde, ou seja, trabalhamos de 8h às 17, do dia 7 até 14 de setembro”, diz a mãe ambulante, que brinca com o fato de já ter perdido 3 quilos por estes dias.

Há seis anos, Ênio Assunção aproveita as horas de folga do trabalho fixo para refrescar as pessoas com refrigerante, cerveja e água mineral. “Este dinheiro que tiro aqui com o isopor dá para salvar um presente, uma roupinha, um calçado melhor e o leite das crianças. Não tenho do que reclamar, graças a Deus. A cerveja sai mais à noite, que é quando as pessoas se sentem mais à vontade para toma-la. A quinta-feira, 7 de Setembro, foi o melhor até agora para as vendas, mas este próximo final de semana também promete [previu nessa terça, 12].”.

Oportunidade

A Prefeitura de Congonhas expediu este ano aproximadamente 292 alvarás para barracas instaladas em imóveis particulares ou em frente a estes. Neste caso, o aluguel é pago aos proprietários das casas.

O presidente do SindComércio de Congonhas, José Geraldo de Oliveira Motta (Totó), lembrou que o comércio de ambulantes no Jubileu está arraigado à cultura da cidade e que a festa possibilita a muitos comerciantes da cidade também boas vendas. “O Jubileu faz parte da tradição da cidade, é preciso assimilar isso, não tem jeito de acabar. O que pedimos à Prefeitura é que faça prevalecer o período de licença de funcionamento das barracas. E muitos comerciantes da cidade ganham dinheiro no Jubileu, a área de alimentação, de artesanato, por exemplo, e as próprias lojas de roupa costumam vender para os romeiros, que, às vezes não encontram o produto que querem nas barracas, e aí passam na loja e compram. Uma conquista nossa um tempo atrás foi termos conseguido levar o início das barracas para a Ladeira, em vez de começar na praça dos bancos, o que melhorou inclusive o trânsito da cidade”.