Colunista - Emanuel Tadeu

OLHA AQUELA TEIA ALI!

Por Emanuel Tadeu

18/06/2018

Há algum tempo tenho observado algo em comum nos vários lugares por onde passei ou passo e essa coisa, que os locais compartilham de forma unânime, tem um nome simples: teia de aranha.

Não importa o lugar, as aranhas não respeitam, estão lá presentes. Seja nas lojas, desde as mais simples até as mais luxuosas; nas casas, seja no casebre ou na mansão; nas igrejas, não importando a religião; nas clínicas, nos supermercados, nos hospitais, nas fazendas, nas prefeituras, nos apartamentos, enfim, são muitos os locais onde as encontrar. Tais aracnídeos não são seletivos, basta ter um lugar para construir sua teia e vão logo trabalhar.

Mas por que falar da aranha e sua teia? O motivo é simples: nós não olhamos para cima. Como assim? Nossa sociedade é acostumada a limpar em baixo, a deixar tudo muito limpo, mas não olhamos para cima. Infelizmente há construções que são suntuosas, modernas ou mesmo pequenas, mas muito elegantes, entretanto quem as limpa se esquece de olhar para cima. Será que ninguém vê aquelas teias enormes ali em cima da sua cabeça? Será que ninguém percebe que aqui em baixo está limpo, mas ali no cantinho da parede, bem disfarçada, está uma pequena aranha com sua teia. Mas por que se preocupar? É o habitat dela! Dizem alguns.

O que me incomoda não é apenas a teia, também, mas que estamos acostumados a olhar para baixo, mais especificamente para um objeto que toma nosso precioso tempo de forma anormal chamado celular. Habituamos a ficar com a cabeça baixa para olhar as mensagens no aparelho e esquecemo-nos de olhar para cima. Virou hábito olhar para baixo e isso reflete nas nossas relações, olhamos para baixo, para nós mesmos, para o nosso umbigo. O que importa sou eu, minha felicidade, minha opinião, meus interesses, minha religião, meu amor, meu, minha... Tudo é assim, a onda dos pronomes possessivos. E bota possessivo nisso! Fico assustado ao passar em um lugar e ver duas pessoas em uma mesa de lanchonete cada uma no seu celular conversando com os supostos “amigos”. Não sou contra o uso do celular, mas a sua veneração.

Que tal olhar para cima? Que tal levantar a cabeça e parar de ficar olhando para baixo? Quem sabe você resolve agora observar cada canto de sua casa em busca de uma teia? Procure e achará! E então, o que está esperando? Chame quem puder para tirá-la dali. Junte os familiares, amigos, quem quiser e limpe aquela teia que está aniversariando ali e depois comemore junto com aqueles que estão ao seu lado, celebre a alegria de ter pessoas de verdade perto de você. Tenha certeza de que não se arrependerá se tirar aquela teia que está no canto. Fica a dica.

 

Emanuel Tadeu é um poeta, neste instante do existir, buscando no simples o extraordinário que se manifesta. Natural da pequena Rio Espera, de uma singela família. É Seminarista da Arquidiocese de Mariana e Bacharel em filosofia pela Faculdade Dom Luciano Mendes.