Rio Espera

105 anos de pura vitalidade do Senhor Sebastião

28/12/2018

Já chegando no final de 2018, o nosso Portal de Notícias tem um enorme prazer em contar um pouco da história de um cidadão rioesperense que completou 105 anos de pura vitalidade. Recentemente o Jornal “Rio Espera em Foco” coordenado pela Jornalista Simone Santiago realizou a reportagem com ele.

É na pacata cidade de Rio Espera que ele nasceu e mora até hoje. Simpático, extrovertido, de bem com a vida e cheio de saúde, senhor Sebastião Isaías nasceu no dia 09 de julho de 1913 na localidade do Córrego Fundo em Rio Espera. É filho da dona Maria José de Jesus e José Batista de Oliveira e tinha somente uma irmã mais nova, que ele disse não ter contato com ela há anos. 

Quando criança ele ressaltou que não havia uma criança tão arteira como ele. “Eu gostava de encher uma bacia de água, colocar umas pedras dentro e ali fazia a minha bagunça. Mais arteiro do que eu não existia outro. Ninguém me pegava”, disse. Senhor Sebastião não tem nem o ensino fundamental, mas é conhecedor de muitas coisas. Ele chegou a frequentar uma escola no Córrego Fundo por oito dias, mas não aprendeu nem assinar seu nome. Ele destacou que nem as aulas que eram ministradas nas fazendas pelos professores daquela época ele frequentou.

Senhor Sebastião trabalhou no Córrego Fundo com plantações e capina e era Tropeiro, chegando a ir para Guanhães e São Paulo. Morou sua vida quase toda no Córrego Fundo e só saiu para residir por pouco tempo em Desterro do Melo, quando se casou pela segunda vez e, logo depois, retornou para Rio Espera.  “Fui criado com o doutor Dornelas na localidade do Esmeril, morei na Safina e cheguei a morar também com Manoel Zeferino no Corrégo Fundo”, destacou. Ficou viúvo do primeiro casamento e então se casou novamente com a filha do Zé Calixto. Teve dois filhos, sendo um do primeiro casamento e um do segundo. Dono de uma memória invejável, senhor Sebastião contou vários ‘causos’ e falou sobre seus amigos que tinha na época que era jovem.

Lembrou- se do Chico Severino, Toninho Severino, João Zico, Antônio Marionora, Antônio Bilina, José Alexandre, Zé Xandinho e a Maria José que morava no morro do antigo Hospital, onde é hoje a Rua Padre Arlindo Vieira. Ele ainda ressaltou que se recorda dos amigos Chico Pereira carpinteiro, Dr. Carlindo Garcez, Senhor Colombo, Zezé Miranda (disse ter tomado muito café sentado esperando ele fazer os remédios). Ele se recordou do antigo Hospital, de como tudo funcionava por lá na Rua Padre Arlindo Vieira e da cadeia, onde, segundo ele, só entrou lá para passear. Disse que o primeiro ônibus que entrou em Rio Espera, juntou tanta gente para conhecer que parecia uma festa.  

Com 105 anos, ele viu Rio Espera crescer aos poucos e contou que ajudou até mesmo candear bois para levar tijolos para a construção da antiga igreja Matriz: “Eu candeei boi com tijolos para ajudar a fazer a antiga Igreja Matriz. A primeira construção da Igreja eu estava no doutor Dornelas e eu era muito novo, uma criança ainda. Eu sei que me lembro de tudo como foi feito. Depois cheguei a puxar tijolos para a Igreja nova também. Lembro-me do padre Chiquinho, das festas que a Igreja fazia”, contou. Senhor Sebastião disse que compara Rio Espera com uma criança que vai crescendo aos poucos: “A nossa Rio Espera mudou quase tudo. Fez quase igual um menino que está pequeno e engordou. Era uma cidade muito pequena, não tinha estradas, não tinha luz elétrica. Tem muitos anos. Agora está bonita e tem de tudo. Antigamente eu trazia muita galinha no ombro para Rio Espera, muitos carros de milho e hoje não tem isso. Está tudo melhorado”, destacou. 

Como parte do lazer,senhor Sebastião era bom jogador de futebol. Aos domingos ele jogava no Nhô Dia, no Coelho, no Tajiba, no João Soiano e no Córrego Fundo. Jogava como Afro (zagueiro), na porta da fornalha como ele ressaltou. 

Atualmente ele reside com a filha Maria e com os dois netos José Aurélio e Antônio e às vezes vai até o Córrego Fundo para ver como estão as coisas por lá. Alimenta-se bem, é de uma vitalidade invejável e ainda toma uma pinguinha para abrir o apetite aos domingos: “Eu levanto e durmo muito cedo, como pouco, sem exageros e minha pinguinha é sagrada todos os domingos. Antes eu tomava todos os dias, mas agora só aos domingos”, comentou.

E para completar senhor Sebastião ainda toca pandero e arranha uma sanfona. Ele disse que gostava de uma farra quando jovem e que ainda tem até hoje um pouco do gingado que tinha da época que era novo, mostrando o seu pandeiro que ele guarda com carinho. Perguntado sobre o que ele faz para manter essa vitalidade e alto astral ele respondeu que é tão forte que  um caminhão pode passar por cima dele que ele continua de pé: “O sangue do meu corpo é especial e não é desse mundo, ele é de outro mundo, porque é mais forte. Não é fraco. Não sinto nenhuma dor. Sou de outra nação. E eu sou assim porque não faço nada sem pensar primeiro. Rogo a Deus, que me ajuda muito. Peço a ele para me dar mais uns dias de vida, porque tudo que eu pedia eu recebia”. Nosso Informativo se sentiu lisonjeado em poder contar um pouco da história dessa memória viva de Rio Espera.

Nosso Portal deseja ao Senhor Sebastião muitos e muitos anos de vida e que continue com o corpo e a mente saudáveis.