Meus exércitos caminharam por quilômetros. As hordas que enfrentamos eram sobremaneira superiores a nós mesmos. Me lembro disso, porque eu me vi sentado num teatro de 1850. Logo na parte direita. No camarim das alturas à esquerda, estava a moça prendada. Sem o menor sentido, nossos olhares entrecortados selaram um amor daqueles que não se vê hoje em dia. Desviei o meu olhar, e cabisbaixo eu pedia-lhe com os olhos que me perdoasse, por seu turno, ela incistia naquele menor caminho entre dois pontos.

Encerrada a peça, lancei ao canto esquerdo dos meus lábios, um cigarro, ela retardou o passo. Fez questão de debruçar sua mão direita em relação ao velho, suarento e gordo acompanhante. Acompanhei-a até a porta do teatro, desavisadamente, corajoso, entrecortei os meus dedos entre os dedos dela, foram segundos maravilhosos. Cheguei à porta do teatro, e perdido em todo aquele acontecimento, atravessei a rua, e sentei-me na mesa de um bar.

Alguém veio até a mesa, e no passe de mágica, sabendo da minha desilusão, ofertou-me um copo de vinho duplo. Com as duas mãos, levei-o até a boca, e num gole rápido, ele esquentou a minha alma. Pude observar, que ela entrava no carro, e partia. Partiu para sempre. Disso tudo, outra dose dupla de vinho, a mão direita alisou os meus cabelos e minha face com a barba por fazer. Minha caneta tinteiro, sugeriu um pedaço de papel qualquer. Gizei, gizei, e entendi, que naquele instante a vida não passava de mera ilusão.

Dr. Sílvio Lopes de Almeida Neto é um renomado advogado com vinte e cinco anos de atuação na área criminal. Ele adora defender seu semelhante e, além dessa bonita profissão, gosta de escrever crônicas nos momentos de lazer. Ele é casado com a rioesperense Drª Sara Miranda, reside na maravilhosa cidade de Rio Espera e é colunista em nosso portal de notícias.