Gerais

A DOENÇA DA SAÚDE PÚBLICA

Por Neuciany Heleno de Souza Almeida - Rioesperense

26/05/2017

Em seu art. 196, a Constituição Federal de 1988 reconhece a saúde como “direito de todos e dever do Estado, garantindo mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”.

 Partindo do pressuposto de que papel aceita tudo, eis mais um direito vilipendiado no cerne da sociedade brasileira. A Constituição garante, o Estado despreza. O direito à saúde no Brasil constitui uma realidade caótica, patética e desrespeitosa. É válido salientar que tal situação é vivenciada na carne apenas pelas pessoas de menos posse, ou seja, os que mais necessitam.

A pouca responsabilidade que ainda resta aos Estados da Federação em época de liberalismo econômico, está aquém de nossos merecimentos. Um bando de sanguessugas vêm surrupiando o dinheiro público que poderia ser aplicado em melhorias na saúde. A questão da burocracia brasileira também freia a mínima possibilidade de avanços na conquista dos direitos a tão sonhada saúde pública. Aqueles que necessitam de CTI,  por exemplo, passam por uma triagem, seguindo uma lista de espera, em vários hospitais, podendo a vaga, com a graça de Deus, ser ofertada muito distante da cidade do paciente.

A saúde, assim como outros serviços públicos básicos, está agonizando, tal qual se encontrava o meu querido sogro, Sr Geraldo da Fábrica, no leito 2 do setor de urgência do Pronto Socorro, aguardando por uma disputada vaga no CTI, sabe-se lá  onde, a qual não foi de seu “merecimento”, vindo este a óbito, no dia 26-04, dia de seu aniversário. O presente?  O descaso das políticas públicas. Seus 33 anos de contribuição aos cofres públicos foram irrisórios para retornarem ao mesmo (Sr. Geraldo) como possíveis melhorias a serem usufruídas, o direito ao CTI. Porém, toda esta contribuição constitui grãos que possivelmente encheram o papo de muitos galináceos espalhados pelo território nacional.

Não pretendo ficar deitada eternamente em berço (esplêndido?), eis meu desabafo.