Congonhas

Multidão manifestou sua devoção ao Bom Jesus no encerramento do Jubileu 2019

16/09/2019

A Santa Missa das 15h desse último sábado, dia 14 de setembro, presidida pelo Padre Marcos Macário, Reitor da Basílica do Sagrado Coração de Jesus, de Conselheiro Lafaiete, e concelebrada por Cônego Geraldo Leocádio, Reitor da Basílica do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, o Vigário da Paróquia de Nossa Senhora Mãe da Igreja, Pe. Sérgio Tomás, ambos de Congonhas, e Pe. Rosemberg, Vigário da Paróquia de Santo Antônio, em Santa Bárbara, encerrou as festividades religiosas do 239º Jubileu. Este último, diante de milhares de pessoas que ocuparam a frente e os lados da Basílica, agradeceu em nome da Igreja aos que colaboraram para realizar esta edição e “em especial a quem vem ao Santuário, participou das missas, entrou na fila do beijo na fita do Bom Jesus e faz confirmar a frase de Cristo: – A tua fé te curou. O fiel ao Bom Jesus é quem faz o Jubileu!”.

De acordo com a comissão organizadora responsável pela coordenação logística do Jubileu do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, o período de celebrações religiosas transcorreu sem o registro de grandes ocorrências, permitindo a congonhenses e romeiros usufruírem da melhor forma possível das festividades. Esta comissão, composta por servidores municipais, nomeada pelo prefeito Zelinho e presidida pela secretária da Fazenda, Vilma Moura, lembra ainda que a chamada ressaca do Jubileu se encerra nesta terça-feira, 17 de setembro. Na quarta-feira, toda a estrutura será desmontada e a prestação de serviços, desmobilizada

Os finais de semana de início e encerramento do Jubileu registraram multidões formadas por congonhenses e turistas religiosos passando pelo Santuário do Senhor bom Jesus de Matosinhos. Subir e descer a ladeira, como encontrar um lugar para participar das missas se tornaram tarefas difíceis em algumas ocasiões. Boa parte deste público também passou pelo Museu de Congonhas, que tem entrada gratuita até o dia 22.

Romeiros

Bárbara Maria de Fátima Ferreira, de 66 anos, de Santana do Jacaré, cidade do Sul de Minas, vem ao Jubileu do Senhor Bom Jesus de Matosinhos desde 1970. “Naquela época, a forma disponível de transporte era o caminhão, então subísamos na carroceria lá às 21h e chegávamos às 6h do outro dia. O que nos movia antes e que nos move agora é a fé. Uma vez, em 1974, ouvi uma confissão diante do palanque que fez minha fé crescer muito. Uma senhora disse, ao microfone, que, sem o Bom Jesus, não poderia viver, porque Ele é vida para ela. Sendo assim, já estou pronta voltar aqui novamente o ano que vem”, afirmou a romeira, que depois de visitar Congonhas nas primeiras vezes, iniciou uma peregrinação por outras cidades, onde há grande também há devoção, como Nazarerno, Três Pontas, Aparecida, Canção Nova, Valinhos e Trindade. Ela pretende conhecer ainda Bom Jesus da Lapa.

Quando indagada pela reportagem sobre as diferenças e similaridades do Jubileu de ontem e o de hoje, afirma: “Percebo uma grande melhora na estrutura da cidade, mudou muito pra melhor, o início era difícil. Para nós, romeiros, não tinha banheiro, água, nem pra vender. A gente ia pra igreja e ficava lá o tempo inteiro. Quanto à religiosidade das pessoas, continua bem fervorosa”.

Já a ministra da Eucaristia, Edice Rezende Garcia Amorim, de Santa Bárbara do Tugúrio, na região de Barbacena, esteve acompanhada dos irmãos em Congonhas. “Vim a Congonhas para alcançar uma graça, que é um emprego para meu filho recém-formado. Ele ainda está desempregado. Chamei meus irmãos para vir comigo. Eu já havia vindo aqui há muitos anos. Eu voltarei para agradecer pela vida ao Bom Jesus, ele conseguindo um trabalho ou não”, assegurou.

Fé com alegria

Os padres Rosemberg Evangelista da Silva, Vigário da Paróquia de Santo Antônio, em Santa Bárbara, e Sérgio Tomás, da Paróquia de Nossa Senhora Mãe da Igreja, de Congonhas, animam, ano após ano, as missas do Jubileu do Senhor Bom Jesus de Matosinhos. A dupla anterior de animadores era formada por Pe. Rosemberg, que participa da festa de Congonhas desde os tempos de seminarista, e Pe. José Eudes Campos do Nascimento, agora Bispo de São João del-Rei.

Pe. Rosemberg afirma que, “no Jubileu, a gente aprende mais do que ensina. A fé desse povo é bonita, extraordinária que nos faz acreditar na vida e saber que nosso Mundo tem esperança”.

Em entrevista ao programa Nas Ondas do Rádio, da emissora do Bom Jesus, a Rádio Congonhas FM (91.3), ele contou porque se tornou um religioso tão carismático. “A alegria de comunicar e tentar dar atenção às pessoas eu herdei de uma mestra, que perdi há 2 anos: a minha mãe. Apesar de não ter passado do curso primário, ela possuía muita sabedoria. O que faz o ser humano é o carinho e o cuidado. E essas pessoas que vêm aqui precisam disso. Ver elas sorrindo faz um bem muito grande à alma da gente. Fico feliz com o carinho das pessoas e em saber que a gente pode, pela graça de Deus, levar a tantos corações essa alegria”, afirma.

Aproveitando o gancho da campanha do Setembro Amarelo, Pe. Rosemberg diz que a falta desta alegria é que deixa as pessoas expostas à depressão. “Como diz um poema ‘… quando eu fui à escola, a primeira tarefa que me deram foi essa: – O que você vai ser quando crescer? Eu respondi: – Vou ser feliz. Aí me disseram que eu não havia entendido a tarefa. E respondi: – Vocês é que não entenderam a vida’. Pessoas deprimidas talvez possam gerar mais pessoas deprimidas. Esta superficialidade com que o ser humano está vivendo pode ser a causa. O ser humano está imerso em um mundo de individualismo e de consumismo. As relações estão automatizadas, o que cria pra cada ser um mundo pequeno, tudo é resolvido da tela do celular. Distante das relações humanas, a pessoa perde a condição de superar os reveses que a vida oferece e oferece mesmo. Nossa geração obedecia ao pai, à mãe e ao professor, brincávamos na rua e isso era algo positivo, propiciava o contato humano, o olho no olho, agora trocamos estes olhos pela tela do celular. Isso tudo cria uma ferida na alma. Estamos perdendo as pessoas por causa de coisas. Estas foram feitas para serem usadas e as primeiras para serem amadas. Estamos fazendo uma inversão e perdemos quem na verdade interessa. O suicida não quer morrer, ele quer retirar aquilo que provoca a dor humana”, analisa.

Para Pe. Rosemberg, o Jubileu de Congonhas é o lugar da alegria e principalmente o lugar da fé: “Há um tempo atrás, as pessoas entravam na fila do beijo na fita às 5h e chegavam à Basílica às 14h, sem arredar o pé, fazendo sol, frio ou chuva. Essas pessoas, como as que vêm à missa, fazem valer a frase de Jesus: – A tua fé te curou! Elas chegavam aqui e voltavam para casa curadas, não só pelo poder de Jesus, mas pela força da fé”.