Rio Espera

Corporação Musical de Rio Espera luta com dificuldade para não deixar a banda morrer

20/02/2017

Criada em 1984, a Corporação Musical “Santa Cecília” de Rio Espera teve como idealizador o saudoso Monsenhor Francisco. Na época, o maestro Geraldo Macedo conquistou um grande número de jovens da cidade com uma turma de aproximadamente cem alunos, sendo que surgiram trinta e seis músicos que começaram a tocar as primeiras músicas na rua com seis meses.

A Jovem Banda de Música, como era chamada, era a alegria da cidade quando tocava. Participava de eventos, aniversários, ordenações, festividades da igreja, eventos da Prefeitura e inaugurações. Eram cerca de seis apresentações por mês e quase todos os domingos a banda tocava em frente à Igreja Matriz. O primeiro maestro foi Geraldo Macedo que permaneceu por um bom tempo na banda.

Depois dele passaram por ela os maestros Jorge Senra de Conselheiro Lafaiete, Geraldo de Pinheiros Altos, Luiz de Capela Nova, Cláudio de Cipotânea até chegar ao Eli, que é maestro da banda há mais de treze anos. Durante esses trinta e três anos de banda, a Corporação teve a sua sede em diversos lugares e acabou retornando para a sua antiga sede, na Igreja de Nossa Senhora do Rosário.

José Mauricio Rangel, Presidente da Corporação e um dos integrantes desde o início da sua criação, comentou que eles tinham os sócios que angariavam dinheiro para o sustento da banda. “Era um prazer enorme tocar para população que esperava ansiosa a nossa banda pelas ruas. Ficávamos honrados como músicos em receber tão grande admiração de todos. Era uma época muito boa. Tínhamos os sócios que ajudavam na manutenção da nossa Corporação com doações”, comentou.

Ele ressaltou que antigamente eles tocavam em vários aniversários e lembra que a Dona Mulatinha gostava mito de música, sendo ela uma entusiasta da banda e sempre convidava os integrantes para tocar em sua residência. “Outro que também sempre arrumava um jeito da gente tocar era o Geraldo do Zé do Marco. Ele fazia com que a banda ficasse sempre em alta e a vista de todos. Foram vários festivais e encontros com a participação da banda, não só em Rio Espera, mas por vários outros municípios”, comentou. Com o passar dos anos, muitos músicos deixaram a banda e o número foi ficando cada vez menor. Atualmente, há aproximadamente quinze componentes, número bem menor do que há trinta anos.

 

Foto oficial da primeira formação da Banda em 30 de setembro de 1984 e o o escudo doado pelos rioesperenses ausentes

A Corporação que já é tradição na cidade e um bem cultural de grande valia para o município passa por dificuldades tanto financeiramente quanto na formação de novos músicos e na falta de verbas para a manutenção dos instrumentos, muitos deles ainda da época do Padre Chiquinho. Segundo o Presidente, havia um convênio com a Prefeitura Municipal que foi encerrado no ano de 2015, sendo assim, a diretoria não consegue honrar com os compromissos, principalmente com a manutenção do maestro que acaba trabalhando voluntariamente.

José Maurício enfatizou que a luta é grande para não deixar a banda morrer. “Nós não temos mais pessoas que procuram a nossa banda para aprender um instrumento e tocar com a gente. Estamos de braços abertos esperando novos alunos, mas o desinteresse é muito grande por parte da população. Se não tivermos novos músicos a nossa banda vai acabar e com ela vai junto o tradicional Grupo Agogô, pois os integrantes são todos da banda”, comentou.

Segundo ele há a necessidade de um incentivo e ele faz um apelo: “Precisamos da ajuda de todos, principalmente por parte da Prefeitura, da Igreja e da população. Os pais devem enviar seus filhos para aprender a tocar um instrumento e, assim participar da banda, mas estamos perdendo as nossas crianças e jovens para o celular e o computador. É muito triste ver que um grande bem que já alegrou muitas festas e muitos corações pode acabar. Fico desanimado, pois sou um apaixonado por essa banda e só não jogo tudo para o alto porque o Monsenhor Francisco me pediu para lutar com garra para a continuidade dela na cidade” concluiu.

 

Emocionado, Presidente José Maurício mostra a placa comemorativa com a frase: "Quem cultiva a arte, semeia o belo"

Os interessados em participar da banda devem procurar José Maurício ou o Maestro Eli. A partir do momento que a criança tenha concentração ela já pode começar a prender música e quem sabe se tornar um grande músico e integrar o quadro de músicos da Corporação.

Como dizia Augusto Cury, “todos querem o perfume das flores, mas poucos sujam as suas mãos para cultivá-las”. Por isso, cada um deve olhar com carinho para a Corporação Musical “Santa Cecília” e lutar para que ela não morra. Os pais devem incentivar os filhos a participar e os músicos que já passaram por ela devem retornar novamente e, assim, ela continuará sendo cultivada com a ajuda de todos, pois se Corporação acabar, parte da história de Rio Espera morrerá junto com ela. E uma cidade sem história é como se fosse um livro sem letras.