Colunista - Emanuel Tadeu

E o destino?

22/02/2023

Estava no velório daquela mulher que havia sofrido um acidente de trânsito tão banal quando escutei:

- Era o seu destino.

Vez ou outra eu escuto as pessoas dizendo isso: era o destino de fulano casar com ela, trabalhar em tal lugar, ter três filhos, morrer daquele modo, sofrer tanto, se dar bem na vida... Então, indago: será que realmente as pessoas tem um destino predeterminado como se tudo já estivesse escrito em um livro eterno? Convido-lhe a refletir...

Recebi uma mensagem outro dia no Facebook – hoje já exclui tal conta – em que uma tia dizia de um sobrinho de pouco mais de 40 anos que suicidou em seu apartamento. Ela comentou que alguns da família justificaram que era o destino dele morrer assim. Sinceramente não acredito nessa ideia de destino como algo fixo e predeterminado. Penso que o ser humano desenvolveu tal teoria para justificar aquilo que foge a nossa compreensão humana. Infelizmente, essa tese criou uma visão distorcida da vida como se estivéssemos destinados e pronto, não há como evitar o que está escrito para acontecer. A vida é dinâmica e Deus nos concedeu o livre-arbítrio, portanto, não acredito em um destino fixo e rígido ao qual somos submetidos como marionetes nas mãos do Criador. Olhe para si, somos responsáveis pela nossa história, pelas nossas escolhas, posso optar pelo bem ou mal, a decisão é minha. Cabe aqui ressaltar que pior ainda é quando ouço alguém dizer diante de um momento de dor:

- Deus quis assim.

Será que Deus quis que aquele jovem fosse assassinado tal violentamente ou que aquela menina morresse vítima da brutalidade de seu namorado? A partir do Deus que acredito, tenho certeza que não.

Aquela mulher que citei no início desta crônica morreu por desatenção. Ela saiu de casa para fazer compras e estava com pressa para voltar. Ao atravessar o asfalto em sua moto, não olhou para o lado se estava vindo algum automóvel e aí foi seu erro. Erro fatal. Pergunto: será que ela nasceu para morrer de tal forma? Acredito que não. Ela poderia ter prestado mais atenção e provavelmente hoje não estaria a sete palmos do chão por esse motivo. Acredito que o sobrinho que suicidou não nasceu para sucumbir de forma tão trágica e triste. Poderia ter tido um final diferente em sua história. É claro que nem tudo depende de nós, mas pensar que existe todo um caminho traçado para eu seguir piamente não acredito ser algo real.

Sendo assim, não acredito que exista um destino fixo e rígido e que só estamos cumprindo o que já foi escrito por outrem. A vida é dinâmica, tome consciência da sua liberdade e assuma a responsabilidade de viver, dos seus atos. Sua história está sendo escrita por você a cada dia. Somos responsáveis pela nossa vida. Tenha noção disso: sou responsável pela minha vida e com certeza agirá mais conscientemente daqui para frente.

 

Emanuel Tadeu é um poeta, neste instante do existir, buscando no simples o extraordinário que se manifesta. Criador do blog Utopia do Viver. Procura em suas reflexões, a partir do cotidiano da vida, compreender a dinâmica da existência.