Colunista - Manu Drumond

Eu queria ser assim...

Por Manu Drumond

11/07/2017

Tem épocas que a criatividade tá soltinha. E aí, o que a gente faz? A gente pega ela e sai para dançar. No meu caso, a gente leva ela –a criatividade- para escrever mesmo. Por isso mais um texto em menos de quinze dias.

Ontem eu publiquei nas minhas redes pessoais uma foto minha, de corpo inteiro no espelho, com a seguinte frase >>>registro de dias em paz comigo para os dias em conflito <<<. E em seguida eu expliquei brevemente que nem todos os dias eu acordava me amando, me sentindo linda, maravilhosa e incrível. Tinha dias que eu queria ficar deitada, debaixo das cobertas, me escondendo do mundo. E que estava tudo bem eu me sentir assim, e você se sentir assim. Então, para estes dias eu registro fotos dos dias em paz comigo, pra me lembrar que tudo passa.

Bom, no que eu postei recebi alguns retornos dizendo ‘eu queria ser assim’, ‘eu queria ter sua autoestima’, ‘eu queria ser forte como você’.

Fiquei horas pensando sobre isso, porque na real eu não sou tudo isso, pelo menos não todos os dias. Oscilando sempre entre uma grande medrosa, que tem dias que quer sumir e dias achando que é a mulher maravilha e pode ganhar o mundo.

Mas, o que então me faria diferente?

Acho que o primeiro passo foi me reconhecer inteira e verdadeira do jeito que eu sou, com todas as minhas qualidades e defeitos, eu + consciência + corpo + vida + sentimentos, resulta no que sou. Nada disso vive à parte. Pelo menos nunca vi meu corpo andando sem minha cabeça ou minha consciência por aí. Não criei uma Manu de mentira. A Manu que aqui escreve e postou a foto é a mesma. Fiz de mim meu porto seguro. Parei de me enganar e me iludir, esperando ser um dia, quem sabe, aquela Manu.

Parei de desejar ser alguém distante e passei a ver que eu sempre fui o meu maior desejo.  Eu sempre fui a Manu que queria ser, só passei a me respeitar. Não estou falando de me amar loucamente, afinal tem dias que não dá pra amar esse cabelo esgadanhado, tem dias que não dá pra amar essa unha sem fazer, não dá pra amar o corpo inchado de tpm, mas dá pra respeitar. Entende?

O corpo é esse, ele é meu, e o mínimo que posso fazer por ele é respeitá-lo em essência. Sendo essa essência, eu mesma. Este corpo é preenchido de mim, dos meus sentimentos, da minha vida.

Precisamos parar de ver o corpo como um objeto à parte. Porque não é. Ele sente, sofre e vive junto de você, da sua consciência e essência. Então, vamos trocar o “eu queria ser assim”, para “eu já sou assim”, só preciso me respeitar, dar um passo de cada vez.

Entender que o cabelo acordou horrível, mas você passou uma noite de cão, ou então dormiu incríveis horas. A culpa é do cabelo? É ele que vai limitar seu dia? Não! Amarra esse cabelo, respeita ele e vai.

Não limite um ser INTEIRO por uma aparência física que você não está curtindo neste momento. Registre os dias em paz para sobreviver aos dias em conflito. Respeite você, não abra guerra contra você mesma. Se respeite.

 

Manu Drumond é viciada em café, é apaixonada por pessoas e suas histórias. Nasceu no interior de Minas, mas fez de Beagá seu lar. Formada em Jornalismo e especialista em Redes Sociais.  contato@manudrumond.com